quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Rosas amarelas


Era uma tarde quente, seca. As folhas estavam estagnadas, nada se movia.

Ela estava sentada na varanda, olhando àquele jardim cheio de cores, silencioso e acidamente perfeito.

As flores precisavam de água, ela de vida.

Desceu até o jardim e começou a aguar as rosas, lindas, amarelas. O perfume lentamente tomava conta do seu pulmão, mais ainda, do coração. Quis ser flor.

Começou a molhar os pés, e sentiu aquela água fresca escorrer por entre os dedos, a poeira descia pela sandália. Molhou as pernas, das coxas a água ia escorrendo quente, molhando o pedaço da saia, seu coração sentia-se aliviado.

Acabou a água. Foi flor.

Um comentário:

  1. Que texto mais lindo, Camila!
    Meu grande favorito deste "lote" fresquinho de 2010, até agora. Em uma palavra: cinestésico. A gente sente a secura do dia, o colorido silencioso do jardim, o arrepio da água. E, ao mesmo tempo, tão sua cara... Parabéns, lindo mesmo!

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