quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dominante

Ela era vermelha, linda.

Seu cheiro, carinhosamente doce. O olhar dominava a todos, não tinha medo de penetrar. Chegava devagar, sorrateira, lindamente entorpecente.

Alguns desejavam ser dominados, se entregavam. Deixavam-se ser devorados por aquela boca quente, séria, encantadora. Outros morriam de medo. Debatiam-se, negavam aquela dominação, mas ao final: rendiam-se e, felizes.

Era seu prazer. Consumir cada um dos seres, suas dores, vontades, desejos. Começava pelos pés, saboreava-os pausadamente, subindo até chegar a sua parte preferida: o coração.

Ali, era capaz de passar horas, sentindo, enganando, degustando um coração perdido, entregue aos seus encantos. Era deliciosamente má. Ria. Uivava, até seu grande final, consumir totalmente aquele ser.

Mas era bom.

Ser parte dela era entregar-se ao mundo dos prazeres, dos sabores, dos desejos. Os seres consumidos gozavam por serem, estarem dentro daquele buraco infinito de sensações. Já não havia dois, somente um. Um ser de amor, de compaixão, de cumplicidade.

Logo, a defecação. Ela contente a procura de mais um.

Os seres? Merda como todas, fétidas e podres.

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