Pegou cada coisa lentamente.
Seus óculos, a cadeira e a sacola de praia.
Seu corpo não era o mesmo, tinha marcas de uma dura caminhada.
O coração: um músculo pulsante, triste e vazio.
A alma: pesada, cheia de sonhos petrificados.
Desceu as escadas e, ao final, percebera que havia esquecido o caderno e o lápis, presentes de um velho amigo.
Pensou...
Hoje, não escreveria.
Cruzou a rua e viu a imensidão daquele mar, daquele azul e dourado, brigando para ver quem era o mais belo do dia: ambos.
Seu lugar como sempre, vazio. Sentia um alívio quando via seu local preferido sem ninguém. Sentou-se e, ali, sozinha, quieta, ficou vendo as vidas serem.
Há quanto tempo não falava? Não escutava a sua própria voz? Passava horas e horas escrevendo todos os dias, sempre só. Acostumara com não falar e, pronto, agora era muda.
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